Se você conhece a Ethereum, é possível que conheça também palavras como mineração, blockchain, proof of work (prova de trabalho) e até atualização. E este artigo vai de encontro com todos estes termos, vamos explicar a atualização para o ETH 2.0, e seu impacto na mineração de Ethereum, bem como as semelhanças e diferenças do projeto com o Bitcoin, que com estas mudanças se distancia cada vez mais da principal criptomoeda do mundo.
O que é Ethereum
Idealizado em 2013, o Ethereum seguiu os passos do Bitcoin em diversos aspectos, desde sua blockchain, passando por seus fundamentos, até a forma de minerar Ethereum. Mas em pouco tempo o Ethereum se tornou a principal Altcoin – abreviação de “Bitcoin Alternative” – e atualmente ocupa a 2ª posição em utilização e valor de mercado. E olha que só no CoinMarketCap são mais de 10.000 projetos listados. Vem entender o que aconteceu e o que está por vir!
A Blockchain da Ethereum
Sua blockchain funciona de forma muito similar à do Bitcoin, possibilitando a transferência direta de criptomoedas entre pessoas, sem a necessidade de intermediários, mas ela surge com um grande diferencial, a blockchain da Ethereum também permite a descentralização de outros segmentos, sendo capaz de executar contratos inteligentes e aplicativos descentralizados.
Isso traz uma série de novas utilizações para sua blockchain, que além de ser uma rede de pagamentos, possui uma tecnologia programável que facilita a descentralização de praticamente qualquer solução, como jogos, serviços financeiros e redes sociais. Para se ter uma ideia, utilizam atualmente a blockchain da Ethereum mais de 50 milhões de contratos inteligentes e 3 mil aplicativos descentralizados já foram construídos na rede, segundo dados do site oficial.
Até então, esta combinação de semelhanças e diferenças com a blockchain do Bitcoin tem funcionado muito bem, mas os planos para a primeira parte da atualização da Ethereum, nomeada de The Merge e com previsão para acontecer ainda no 2º semestre de 2022, tem dividido opiniões.
A atualização da blockchain para o ETH 2.0 nasce para trazer melhorias na velocidade, eficiência e escalabilidade, sendo a principal mudança na forma de minerar Ethereum. E por isso é importante explicar o que é e como funciona atualmente a mineração de Ethereum, para esclarecer em seguida o que está mudando.
Como acontece a mineração de Ethereum
A mineração de Ethereum, também conhecida como mecanismo de consenso, segue um procedimento chamado Prova de Trabalho, ou Proof of Work em inglês (PoW). Como a plataforma é descentralizada, diferente das finanças tradicionais, não existe centralização das validações das transações realizadas, e este processo acontece através dos mineradores de Ethereum ou validadores, que podem ser quaisquer usuários com o poder computacional necessário, e dispostos a contribuir com a rede.
Para as transações serem validadas, os computadores conectados à blockchain devem solucionar problemas matemáticos gerados automaticamente pela rede. Ao resolver o desafio, os mineradores são recompensados com o recebimento de Ethereum. Este processo dá nome a famosa mineração.
Estas validações despendem grande quantidade de energia elétrica e dependem de computadores com nível processual alto. Na rede atual, os mineradores competem entre si para resolver o maior número de quebra-cabeças possível, sendo necessário investir em maior poder computacional para obter melhores recompensas, que se tornam mais difíceis de serem obtidas, conforme a competitividade nas validações aumenta.
Como o processo de minerar Ethereum está mudando
E é exatamente todo este processo de minerar Ethereum que está com seus dias contados. As validações das transações vão acontecer de forma completamente diferente, através de um processo também muito conhecido, o Proof of Stake, Prova de Participação em português.
Agora para minerar Ethereum, se é que essa terminologia irá se manter, os validadores das transações, ao invés de depender de potentes computadores, vão precisar apenas possuir uma quantidade mínima de Ether – a criptomoeda da Ethereum – bloqueados em uma carteira virtual por um período determinado. E assim terão direito ao voto para validação das transações, e através desse processo é que serão recompensados com Ethereum.
Similar à Prova de Trabalho, a Prova de Participação garante a segurança da rede de maneira também de maneira descentralizada. E como as validações não dependerão mais de hardwares caros, espera-se mais adesão dos validadores, trazendo descentralização ainda maior.
Outro impacto que a atualização da Ethereum traz, é consumo energético para as validações acontecerem. A mudança do mecanismo de consenso, ao não depender de poder computacional, deve economizar energia em cerca de 99,9%, segundo estimativas da Ethereum.
Minerar Ethereum ainda será rentável?
O staking, expressão utilizada para a “mineração” da Proof of Stake (prova de participação), embora dispense os potentes computadores utilizados na Proof of Work (prova de trabalho), ainda possui seus requisitos.
O acesso à internet é indispensável para se conectar à rede, além do computador utilizado precisar possuir cerca de 1 terabyte em espaço de memória para armazenar a blockchain antiga da Ethereum e também a nova. O validador também deve bloquear pelo menos 32 ETH em um endereço específico, cerca de R$308 mil em meados de agosto de 2022. E para a validação e sua recompensa serem acessíveis a mais pessoas, algumas plataformas permitem que mesmo com valores menores, usuários participem da prova de participação.
A recompensa em Ethereum é consequência de 2 fatores: número de validadores na rede e quantidade de ETH bloqueada. Em 2021, com 500.000 ETH bloqueadas, o retorno anual estava em cerca de 20%. Já quando houveram 14 milhões de ETH, o retorno caiu para 4%. Estes são exemplos de recompensa direta para os validadores, plataformas que terceirizam o processo têm recompensas menores e mais variáveis. É possível acompanhar estes números atualizados na página da Ethereum dedicada ao staking.
O que muda para quem possui ETH?
Se não estiver nos planos a validação de transações na rede Ethereum para receber recompensas em ETH, por enquanto pouco muda para quem possui Ether nesta fase da atualização da blockchain. As mudanças iniciais com relação direta ao investidor que podem se esperar, pode acontecer primeiramente através de uma simples mudança no nome da criptomoeda ETH – código para Ether, sem impactos para a negociação do token no mercado,e também em relação à economia energética, em vigor assim que ocorrer a alteração do mecanismo de consenso para a Prova de Trabalho.
Já as mudanças mais aguardadas e com maior impacto para os investidores, melhoria na velocidade das transações e redução nas taxas da rede, estão previstas para o ano de 2023 e fazem parte da última fase da atualização da ETH 2.0.
Em resumo
Ainda há muito o que acontecer em toda a atualização do projeto, e as mudanças na mineração de Ethereum são somente uma parte. Após a mudança do mecanismo de consenso da Prova de Trabalho para a Provação de Participação, espera-se mais descentralização, mais facilidade para investidores participarem das validações e consequentemente menor gasto de energia com o processo.
Tão logo esta fase tenha sucesso, entra em prática a última etapa da atualização, que vem para concluir a empreitada iniciada em 2020, e finalmente entregando as promessas de melhor escalabilidade, velocidade e eficiência da Ethereum.
Com a atualização, o Ethereum diminui suas semelhanças com o Bitcoin e se distancia ainda mais do principal criptoativo do mundo. A questão que permanece é o impacto que estas mudanças trarão para o Ethereum e para todo o mercado.